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01 junho 2006

B. Berenika
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Ao acaso encontrei-te encostado a uma esquina
olhar vazio varrendo a multidão, parei
sorri e tu vieste, fomos andando
os ombros tocavam-se, em direcção a casa

pediste-me para tomar um duche, eu deitei-me
ouvi o barulho da água resvalando pelo teu copo sujo de
cidade e de engates
sujo pelos dias e noites e mais dias que te não tive
esperei-te deitado, outro cigarro
e ainda espero
gosto dos corpos que riem, frescos
rasgam-se à ternura nocturna dos dedos, e ao desejo
húmido da boca, que sempre percorre e descobre

tacteio-te de alto a baixo
reconhecendo-te um gemido que também me pertence, no escuro
contaste-me uma improvável aventura de tarzan, ouvia-te
e no silêncio do quarto fulguravam aves que só eu via

sorri ao enumerar os restos que a manhã encontraria pelo chão
manchas de esperma, ténis esburacados, calças sujíssimas,
blusão cheio de autocolantes, peúgas encortiçadas pelo suor
as cuecas rotas, sujas de merda
e as tuas mãos, recordo-me
sobretudo de tuas mãos imensas sobre o peito
teu corpo nu, à beira da cama, em sossegado sono
"Truque do meu amigo da rua" Al Berto

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