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12 junho 2010

20 maio 2010

SOS SNS


O Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem mais de 3 décadas e muitas conquistas. Foi a sua criação que permitiu tirar Portugal das listas negras da mortalidade infantil, aumentar a esperança média de vida em mais de duas décadas, disseminar a higienização do quotidiano a toda a população, diminuir drasticamente a prevalência de tuberculose, levar médicos/as e enfermeiros/as ao interior mais isolado do país, criar um plano nacional de vacinação para todas as crianças e trazer para Portugal o conhecimento científico mais avançado e a melhor tecnologia colocados ao serviço dos cuidados de saúde públicos. O SNS é uma conquista de Abril, da Liberdade e é, a par da escola pública, o mais importante instrumento de democracia que temos.

Outrora classificado pela OMS como o 12º melhor sistema de saúde do mundo, está hoje na mira dos interesses económicos e políticos que o querem ver destruído. Ano após ano, o orçamento da saúde distancia-se das reais necessidades deste sector – é o sub-financiamento crónico do SNS que dificulta, em primeiro lugar, o seu desenvolvimento. Faltam profissionais e os que existem estão sobrecarregados e mal-pagos. Grande parte dos médicos mais experientes - que faziam parte dos quadros dos hospitais públicos - já fugiram para a medicina privada, falta material em muitos serviços, faltam melhores instalações e condições em muitos hospitais. As acessibilidades são cada vez mais sinuosas, acumulam-se famílias sem médico e utentes em espera para uma cirurgia. Faltam cuidados continuados e cuidados paliativos que respondam ao crescente envelhecimento da população. Aumenta exponencialmente o número de contratados a prazo nas unidades públicas de saúde e o número de profissionais que ficam afastados da sua carreira.

Actualmente só ganha quem se aproveita das debilidades do SNS: o sector privado – crescem os hospitais privados e as seguradoras e com eles cresce a desigualdade no acesso à saúde: quem quer saúde paga-a!

Não queremos cuidados de saúde para pobres que não podem aceder aos serviços privados, num SNS sub-financiado, cada vez com menos profissionais, menos resposta às necessidades e, do outro lado, uma medicina para os ricos, nas unidades privadas de saúde, abundantes em recursos tecnológicos e em luxo, excluindo pelo preço quase toda a população.

Nós escolhemos outro caminho, porque não aceitamos este ataque a um dos pilares básicos da democracia, solidariedade e justiça social.

E sabemos como o queremos trilhar: com o Serviço Nacional de Saúde, a única forma justa de fornecer cuidados de saúde à população, garantindo equidade no seu acesso. Só um SNS com investimento, com recursos, com profissionais valorizados, melhor equipado e organizado pode garantir algo que a medicina privada nunca fará: igualdade na saúde! Democracia na vida!

Com a emergência e a inquietação das grandes causas: SOS-SNS!

VISITA O BLOG: SOS SNS
e ouve a entrevista do Bruno Maia do SOS SNS na RCP

19 maio 2010

Derivas de Maio - é já no sábado


Inscreve-te já.
Visita: http://derivasdemaio.blogspot.com/

09 maio 2010

Happy Hours in Sad Days


Tem se falado muito e comentado ainda mais sobre a iniciativa Happy Hour na Feira do Livro de Lisboa. Na verdade parece ser algo muito atractivo para quem compra livros e de alguma forma até para quem os vende.
Analisando a fundo a questão constatamos que de todas as áreas dos ditos produtos culturais os livros são os que menos apoio tem por parte das entidades públicas, compare-se com os poucos mas existentes apoios ao teatro ou ao cinema. Em segundo esta iniciativa é injusta logo à partida e logo pela organização que a promove. A APEL representa livreiros e editores. Os editores negoceiam com os livreiros com uma determinada margem e estando na mesma associação uns passam a ter privilégios de concorrência que são à partida injustos e desleais. Para além disso mina uma relação que existe para além das feiras e que sustenta comercialmente as editoras e livrarias o resto do ano. Não é justo negociar a 30% ou a 40% com os livreiros e depois estar ao lado deles a fazer 50%. Aliás é de tal forma caricato que estas Happy Hours tem sido altamente frequentadas por responsáveis de livrarias que tem aproveitado para se fornecer. Para além disso esta medida só favorece os grandes grupos e grandes editoras que tem fundos editoriais que podem desbaratar até porque em alguns casos seriam livros para guilhotinar... isso sim uma prática condenável!
Para os clientes é também injusto porque obriga as pessoas a jogarem com esse horário, impossibilitando, por exemplo, quem tem problemas em se deslocar à noite ou quem só pode frequentar a Feira noutros horários de aproveitar também esta iniciativa que devia ter como fim promover a leitura e não o lucro fácil. Coragem não é fazer uns dias de livros muito baratos, coragem é manter preços acessíveis e ajustados durante todo o ano. Coragem é publicar com qualidade como critério e não com rentabilidade ou rapidez de sucesso como critério principal e essencial.
Apostar em novos autores e em matérias editoriais com valor tem custos que se tem de sustentar todo o ano e não com foguetes promocionais de aparente rentabilidade.
Querem fazer promoções, assumam e mantenham-nas durante todo o dia ou durante toda a feira, seleccionando títulos. Façam cumprir verdadeiramente a lei do preço fixo. Retirem o IVA do preço dos livros. Promovam o livro enquanto objecto e enquanto mais valia cultural.
Não andem é a atirar areia para os olhos das pessoas e a engana-las com estratégias de marketing for dummies!
A APEL tem o dever de proteger os interesses de todos: livreiros, editores e também dos leitores e já se devia ter apercebido que a promoção desta iniciativa em nada ajuda quem mais dificuldades tem. Cria guetos na própria feira, espaços isolados e desiguais com regras próprias e com o tempo afastará não só as pessoas como as próprias editoras com menos capacidade de implantação financeira.

Pedro Ferreira

19 abril 2010

Não te Cales! Vem gritar Liberdade!


Não te Cales! Vem gritar Liberdade!
Dia 24 vem festejar connosco.

18h - Apresentação do filme "Persepolis"
22h - Festa com animação musical, conversa e outras revoluções.

14 abril 2010

Sexta-feira bou ber montras


dos meus amigos e amigas e de todos os outros também!

13 abril 2010

Viciados de todo o Mundo, uni-vos!


Segundo a revista brasileira Veja, neste artigo, os 10 jogos mais viciante de sempre são:

10. FarmVille
9. Peggle
8. Super Mario World
7. Bejeweled
6. PacMan
5. Counter-Strike
4. Paciência
3. World of Warcraft
2. Snake
1. Tetris

tchaaaarammmm... e o Farmville ainda tem muito para andar para competir com o bom e velho Tetris!

01 abril 2010

Absentia


Podia simplesmente dizer-te que não te amo.
Podia dizer que as mãos não estremecem quando sentem o calor do teu corpo.
Podia dizer que os ouvidos não ensurdecem para o mundo quando falas.
Não gosto de te ouvir cantar!

Podia dizer que não gosto de te ver, de te sentir.
Podia dizer que não és real e que não suporto a tua presença mesmo quando não estás aqui.

Podia dizer tudo... e no fim dizer-te que hoje é 1 de Abril!

Foto e Texto: Pedro Ferreira

25 março 2010

Do outro lado do espelho há uma porta que diz saída


Já não há histórias de espelhos que nos fazem viajar. As Alices desapareçam para sempre no fundo de outros espelhos. As saídas já não são verdadeiras saídas e as portas não são de confiança. Tentamos, hesitamos. Entramos e saímos, escorregamos e caímos. Saltamos e corremos, choramos e às vezes desesperamos.
Já não princesas em castelos nem cavaleiros para as salvar. Já não tempos encantados nem amores perfeitos. Todos os dias há um castelo de cartas que cai aos meus e que todos os dias tento reconstruir. As forças perdem-se e os suspiros são ventos brutais que me afastam cada vez mais.

Já não há espelhos para nos levar em viagens mágicas... Do outro lado do espelho há uma porta que diz saída, dou outro lado da porta há uma placa que diz o teu nome. Do outro lado do teu nome há letras que dizem amar.

Texto e Foto: Pedro Ferreira

17 março 2010

Poesia para comemorar, plantar e recomeçar


A nossa forma de comemorar o Dia Mundial da Poesia, numa reunião à volta das palavras, com uma homenagem especial marcada para as 24h00, na viragem para o dia 21 de Março!
O anfitrião é Pedro Sena-Lino que, entre leituras e diabruras de escrita, dá as boas-vindas às palavras.

Dia Mundial da Poesia, Dia da Árvore, início da Primavera.
Vamos plantar uma árvore de palavras e fazer nascer uma primavera de metáforas

maria vai com as outras, rua do almada, 443 - Porto

16 março 2010

Visita o meu perfil no Facebook a partir de um código 2D


Pois é... a mais recente inovação do Facebook. Facilitar o acesso aos perfis a partir de smartphones a partir da criação de um código QR ou 2D para cada pessoa. Abre-se todo um novo mundo de possibilidades, desde poder imprimir uma tshirt ou disponibilizar esta info num blogue ou noutras redes sociais.

Inicialmente usados para catalogar diferentes partes na construção de veículos, hoje o QR Code é usado na gestão de inventários numa grande variedade de indústrias. Desde 2003, foram sendo desenvolvidas aplicações direccionadas para ajudar os utilizadores na tarefa de adicionar dados em smartphones. Os QR Codes são muito comuns também em revistas e propagandas, onde se usamos códigos para guardar endereços e URLs, além de informações pessoais detalhadas, no caso de cartões de visitas, facilitando muito a inserção destes dados em agendas de telemóveis. Consumidores com programas de captura ou PCs com interface RS-232C, podem usar um scanner para capturar as imagens.
O padrão Japonês para QR Code, JIS X 0510, foi disponibilizado em Janeiro de 1999 e corresponde ao padrão internacional ISO/IEC 18004. Foi aprovado em Junho de 2000. "QR Code é aberto para uso e sua patente, pela Denso-Wave, não é praticada.".
A banda Pet Shop Boys utilizou imagens do código QR no vídeo da música "Integral". São dezenas de códigos que aparecem durante o clipe. Todas as imagens quando decodificadas apresentam links para diferentes sites, em geral tratando da questão da privacidade no mundo contemporâneo.

04 março 2010

Só alguma chuva num dia de sol



Chuva temporal. Tempo terminal. Monstros na cabeça e macaquinhos no sótão. Cansaço no olhar e um sopro que me faz sempre acordar. Brisa de um beijo que tarda em chegar em troca de braços cheios de abraços.
Ao fechar do dia sempre a memória de um barco no porto, esquecido sem ninguém para navegar e tanto mar por conhecer.

23 fevereiro 2010

Fantasporto 2010


Já está nas ruas do Porto e já arrancou ontem no Rivoli.
Para não perderem pitada e para saberem o que por lá passa deixo-vos o link para o blogue da parceria Rascunho e JUP (Jornal Universitário do Porto), onde também escreverei umas coisas e deixarei umas fotografias.... mas só se se portarem mal ;)

19 fevereiro 2010

Águas de Março nas Galerias JUP, Miguel Bombarda - Porto


O Núcleo de Jornalismo Académico/ Jornal Universitário do Porto convida-te a estar presente na inauguração da próxima exposição nas Galerias JUP.
Com recente renovação da equipa responsável por este espaço o convite renova-se para mais uma artista convidada a expor e trabalhar sobre o espaço das galerias do edifício do JUP na Rua Miguel Bombarda, 187.

Já no próximo Sábado, dia 20 de Fevereiro a partir das 17 horas. "Águas de Março" é uma exposição de ilustrações e marionetas que acabam por ocupar o espaço das paredes e se apropriam do próprio edifício, numa intervenção inédita da artista Vitalia Samuilova que recentemente expôs alguns dos seus trabalhos na cidade do Porto.

Para conhecerem melhor a sua obra podem visitar: WWW.MYSPACE.COM/VITALIASAM

A exposição estará disponível para visitas até ao dia 18 de Março.

Apareçam e tragam um/a amigo/a também!

10 fevereiro 2010

Palavras perdidas para lugar nenhum...


Tenho o cheiro do teu abandono marcado em mim. Utopias de sentidos que não sabem o que fazer com as realidades. Ciúmes de beijos entregues noutros tempos, saudades de os ter agora. Tenho problemas de expressão pela dispersão das palavras. Lágrimas desesperadas que correm rumo ao deserto não sabendo como vai ser o seu fim, por vezes precocemente esmagadas na ponta de um dedo. Hoje apetecia-me esquecer o resto do mundo, fazer de conta e brincar com os teus cabelos. Hoje podia ser um dia diferente. Hoje não vou chorar.

Pedro Ferreira 2010

03 fevereiro 2010

Economia(s) apresentado no Porto


A apresentação será feita pelo Professor António Figueiredo

Sexta-feira, 12 de Fevereiro de 2010
18:30
UNICEPE - Praça Carlos Alberto, 128 - PORTO

28 janeiro 2010

México em conversa, este sábado às 17h30 no SOS Racismo Porto


À conversa com:
Javier Herrero, Mexico, activista em Chiapas nas comunidades do EZLN. Elvira Delgado, Ilhas Canárias, activista em projectos de educação e membro do Comite de Solidariedade de Chiapas em Lanzarote.

Sábado, 30 de Janeiro às 17h30
Rua do Almada, 254 - 3º dtº - Porto

25 janeiro 2010

UM BEIJO NO MEIO DA CRISE :: lançamento do livro no Porto no Café Progresso


no CAFÉ PROGRESSO – Rua Actor João Guedes, nº 5 ~ PORTO ~ junto à
Praça Carlos Alberto http://www.cafeprogresso.net/

dia 30 de JANEIRO, SÁBADO às 18h

Convido para o lançamento do livro * UM BEIJO NO MEIO DA CRISE *
poesia, edição de autor

Menu da sessão:

~ o autor abre a sessão com algumas palavras;

~ Fernando Mariano, Inês Leite e o autor contam Uma História Com o
Texto na Mão, uma peça curta de teatro lida à mesa;

~ António Capelo lê 3 ou 4 poemas do livro;

~ convívio.
entrada livre e recomendada
dress code: informal

desenho da capa de Filipe Abranches
design e paginação de Luís Branco
preço do livro: 5€

21 janeiro 2010

Galeria | Oficina | Info-Activismo - uma tarde em cheio nas Inaugurações de Miguel Bombarda

No próximo dia 23 de Janeiro pelas 14h o Núcleo de Jornalismo Académico do Porto abre as portas para uma tarde em cheio nas inaugurações simultâneas das galerias de Miguel Bombarda.


Aderimos ao Ano Europeu da luta contra a Pobreza e a Exclusão Social que se celebra em 2010 com um convite à reflexão sobre o papel do jornalismo e da informação na criação de impacto e de mudanças positivas. O lançamento global, em parceria com a ONG internacional Tactical Technology Collective, do documentário 10 Tactics pretende apresentar uma série de activistas de direitos humanos que adoptaram estratégias de comunicação que lhes permitem transformar informação em acção. Convidamos para uma discussão informal o Centro de Média Independente - Indy Media Portugal - e o Hacklaviva e alargamos o convite a todos os que queiram participar.

O documentário será precedido pela Oficina de Design para uma Redacção Livre onde o colectivo Hacklaviva desafia uma sala de redacção a funcionar apenas com software livre.
Com equipa renovada, a Galeria apresentará duas instalações de jovens artistas e designers do Porto.

Ficamos a aguardar a tua visita!
Segue o programa completo abaixo.


14.00 Inauguração das Galerias Jup

Sala 1 - O que te move | Uma instalação que também é uma proposta para ti. Um espaço de Liberdade num cheio de cartão, uma folha em branco, pronta a ser ocupada. | Por Ana Castro e Susana Lage

Sala2 - Três Projectos, um Espaço. | "Tanto o som como a imagem dão uma resposta a outra mão. Uma que fala e outra que responde"

"(...) filmagens feitas por várias pessoas contendo múltiplas personagens e situações ou locais por onde tivesse passado e onde estaria"

"(...) em cada garrafa guardo a minha voz, associando cada uma delas as notas de escala"

Por Rebecca Moradalizeh


14.30 - 17.30 Oficina de Design para uma Redacção Livre

Uma redacção a funcionar apenas com software livre? É o objectivo de uma colaboração entre o JUP e o Hacklaviva. Nesta oficina, vamos falar sobre o que é o software livre e as suas implicações na prática criativa, associativa e editorial. Depois veremos como hoje é possível tratar fotografia, criar gráficos e tipografia, paginar, editar áudio e montar vídeo com ferramentas livres. Traz o teu portátil e vem passar uma tarde connosco a descobrir novas formas de fazer o teu trabalho.

http://www.hacklaviva.net


18.00 Documentário & Debate

"10 tactics", 10 tácticas para transformar informação em acção é um filme onde são contadas histórias de 25 activistas de direitos humanos à volta do mundo que adoptaram com sucesso estratégias de comunicação e tecnologias digitais para criar impacto e mudanças positivas.

http://www.informationactivism.org | Com a presença dos colectivos Hacklaviva e Centro de Média Independente - Indy Media Portugal


23 de Janeiro de 2010 a partir das 14h

Núcleo de Jornalismo Académico do Porto | JUP.PT

espacosjup.blogspot.com | jup@jup.pt | 22 202 52 68

Estamos no Facebook | Twitter: @njapju | @juponline | Linked In

13 janeiro 2010

Memória dos Muros. Palestina à conversa com Dana Elborno e Lara Elborno.


Dana Elborno é estudante de jornalismo e activista. Lara Elborno é estudante de direito e também activista. As duas vão estar pelo Porto evem partilhar connosco as suas recentes experiências no campo. À conversa e com fotografias sobre o território da Palestina e em debate sobre a actual situação politica.

Sábado, 16 de Janeiro às 17 horas
Sede do SOS Racismo Porto
Rua do Almada, 254, dtº 3º dtº

11 janeiro 2010

A cadência das palavras e a cadência do coração


As batidas do coração certas como um relógio. O tempo que se altera na tua presença e as batidas que se tornam inconstantes. A cadência das palavras que teima em ser mais rápida que a mão que as escreve e o erro que se repete sempre que a batida se altera. As vontades que deixamos para trás tantas vezes trocadas por um simples abraço. O calor de um abraço que faz apetecer um beijo e um beijo que nos leva para fora daqui. No fundo o som é sempre o mesmo... calmo ou agitado: tum tum; tum tum; tum tum...

Pedro Ferreira - Janeiro 2010

06 janeiro 2010

As minhas páginas rasgadas...


Os livros são meros papéis em que pintamos os nossos sentimentos. Nessa escrita a tinta tende a ser o sangue e as lágrimas que se estendem em palavras inundam linhas ainda por preencher. As folhas que tenho agora à minha frente parecem-me incapazes para receber os segredos que gostava de te murmurar no ouvido. Sinto-me sozinho no meio de tantas páginas perdidas que se levantam da mesa à mais pequena brisa que invade esta sala. Tenho medo de desiludir o deus em que não acredito, que me leve a força das mãos e não consiga suportar o peso da caneta. Odeio tudo isto mas não sei como o mudar. Irrita-me a impossiblidade do não uso das palavras, dos silêncios contidos e das palavras estranguladas entre respirações abruptas. Dói o rasgar do papel como se da minha pelo se tratasse. Não há segredo no amor que não seja segredo para ele mesmo. Não há segredos escondidos em livros nas prateleiras do tempo e nunca haverá quem o impeça. Gosto de passar os dedos pelo papel e sentir nele a tua pele, gosto do sabor das tuas palavras que estremecem nos lábios e dos sorrisos carregados de beijos que ainda não se soltaram. Gosto de ti assim porque é assim que as histórias rasgam as amarras do coração e correm para se deitarem nas frias páginas. No fim escrevo o teu nome e o meu e em seguida risco-o com toda a força e toda a tinta que consigo despejar de forma que não os consiga voltar a ver. Liberto-me da raiva do tentar não gostar e de saber que mesmo riscados os nomes permanecem lá.

Pedro Ferreira - Janeiro 2010