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30 maio 2006

Para ler de manhã e à noite

Aquele que amo
Disse-me
Que precisa de mim.
Por isso
Cuido de mim
Olho meu caminho
E receio ser morta
Por uma só gota de chuva.

Bertolt Brecht

Cruzes canhoto !!!!!













by Francisco Mata Rosas


Apesar das facilidades da comunicação é cada vez mais dificil fazer ouvir as nossas vozes.

Este jovem, obviamente não tem um Blog....
Por vezes é tão dificil semos ouvidos.

25 maio 2006

clown

photo by i. montalvao

os bloqueios da mente fascinam-me os olhos cansados. é como um triste circo pouco sóbrio de clowns perdidos e afogados em licor de cereja. e tudo rodopia ao som de melodias trocadas numa cadência de palavras feitas de fumo e ilusão de sentimentos.

22 maio 2006

B. Berenika

Olá mulher que eu amo venho aborrecer-te
acordar-te, desconcentrar-te, sacudir-te, entorpecer-te
em tormentos e loucuras de quem já morte viu e só quer vida
e que a vida sejas tu, mulher, como um nenúfar espalmado
no que me resta de coração.
Estou na casa, as paredes são tão novas, há suores secretos
nos meus dedos , escondo-te nas paredes, debaixo do tapete
desde esse teu ar sisudo a uma curva nua que tens na pele
e só eu, nem tu conheces

(…)

E amo-te como o élitro da borboleta que se rasga se a carícia for torta
e como à borboleta inteira te desejo, antes de te ver partir
e tento sorrir mas não consigo.
É que aqui, nesta casa, estou só, a pensar em ti,
e esta casa ainda nem tem umbigo

E talvez regue as plantas. Talvez faça café. Talvez leia um ou dois poemas
do Ruy Belo para que as paredes me comecem, toscamente,
a perfurar, a embalar, a nutrir de mansinho
mas és tu que eu queria, és tu que eu não tenho, mulher
És tu que transformas o nenúfar em paixão
e a solidão em universo

E amo-te como nunca amei
Tu o grande livro, eu apenas verso

"Não sei nunca por onde", Manuel Cintra

21 maio 2006

(Re)Lembrando .......














by anarquista_duvall


"A vida é uma oportunidade - aproveita-a.

A vida é uma beleza - admira-a.

A vida é um dom - aprecia-o.

A vida é um jogo - joga-o.

A vida é uma tristeza - ultrapassa-a.

A vida é uma luta - trava-a.

A vida é uma tragédia - enfrenta-a.

A vida é nobre - merece-a.

A vida é preciosa - não a destruas.

A vida é uma promessa - cumpre-a.

A vida é Vida - luta por ela, vive-a."

in Foge-me a Cor dos Olhos Correndo Para o Horizonte de Pedro Ferreira

Arranja-se por aqui Livraria Leitura

ou na Livraria Poetria

17 maio 2006

aguasfurtadas 9 ... cá esperamos

O número 9 da "aguasfurtadas", Revista de Literatura, Música e Artes Visuais, chega às livrarias durante este mês de Maio. E estará também disponível através de pedidos directos para jup@jup.pt. Este número 9 inclui poemas originais de Inês Lourenço, Tiago Gomes, Rui Lage, Isabel Fernandes Pinto, Joaquim Cardoso Dias e António Pedro Ribeiro. A primeira tradução para português do magnífico poema em dez partes "A Fenomenologia da Ira", de Adrienne Rich, da responsabilidade de Margarida Vale de Gato, uma breve recolha de textos do autor argentino Marcelo Rizzi, numa tradução de José Mário Silva, e ainda a primeira tradução de "Uma Novela Não-Escrita", de Virgínia Woolf, por Valério Romão. Contos inéditos de Filipe Guerra, Joana Gusmão e ZM. E uma extraordinária peça de teatro de Nuno F. Santos intitulada "Os Condenados", e, por fim, um ensaio de Miguel Miranda sobre o riso. Mas há mais.Nas artes visuais, a "aguasfurtadas" 9 inclui trabalhos de Rui Lima e Sérgio Martins, Jonas Nobre, Francisco Queimadela, Emílio Remelhe, João Marrucho, Teresa Roldão, José Peneda e Samuel Silva, Júlio Dolbeth, entre outros. E ainda fotografias de Jorge Garcia Pereira, Carlos Manuel, Vasco Gil, Joana Cadima e João Gonçalves.Finalmente, na área da música, Ana Cancela Pires escreve um ensaio surpreendente sobre John Cage e Carlos Guedes abre uma janela sobre o universo musical na era digital. O CD inclui obras de Alexandre Delgado, Ruben Andrade, Dimitris Andrikopoulos e do grupo de jazz Espécie de Trio.

roubado aqui: http://revista-aguasfurtadas.blogspot.com/

Walk fast take you to ....














Foto by anarquista_duvall

Não sei porquê mas de repente dei por mim a correr pelas ruas da cidade. Sem aparente sentido seguia os passos de alguém que por ali tinha passado. Parecia conhecer essa pessoa mas não deixava de ser estranho conseguir seguir o seu caminho minutos, horas, dias quem sabe quanto tempo depois. Enquanto corria não via ninguém nas ruas apesar de ser hora de ponta. O fundo da rua parecia nunca mais chegar e o chão parecia fugir-me debaixo dos pés.
.........
Só me lembro de uma coisa os sapatos eram vermelhos!

15 maio 2006

"Eu próprio sou cinzento, às vezes chego a ter a impressão de derramar cinzento, da mesma maneira que por exemplo os meus lençóis. E nem sequer a minha noite é a noite do céu. Claro, o negrume é negro em todo o lado. Mas como é então possível que o meu pequeno espaço não beneficie dos astros que me acontece ver brilhar ao longe e que essa lua onde Caim suporta o seu fardo nunca me ilumine o rosto?"


"Malone está a morrer"
Samuel Beckett

12 maio 2006

As portas que se fecham !

Sempre que me aparecias pela frente hesitava no teu sorriso. Triste consolava os meus olhos nas cores desse teu sorriso. As portas que pareciam abrir-se para ti não eram mais do que uma mera ilusão de (...) qualquer coisa que não consigo pronunciar agora! Mas de uma coisa tenho a certeza, contigo conseguia ir ao fim do mundo como nunca consegui ir ao fundo de mim.
No fim tudo se soube: A VERDADE é que as portas nunca se tinham realmente aberto! As parede continuavam fechadas e tristes, cinzentas de tempo a escorrer-lhes pela velha pintura esquecida.

Foto by anarquista_duvall

10 maio 2006

porto vazio

infelizmente uma cidade vazia. porque há um rio que flui numa autarquia que se limita a gerir a (in)felicidade de um porto que se quer limpo de "indigentes". um porto doente, que não recupera o património com potencial rejuvenescente. a habitação. e já só ecoam pombas onde devia transpirar gente. muita gente.

um manifesto fotográfico. porque a cidade está ferida. em exposição na galeria 100 + nem -, rua mártires da liberdade, nº 130.

obrigado pelo convite, pedro.

08 maio 2006

A caminho do impossível

Estava pronto para o frio! Saí envolto em barreiras físicas que me ocultavam o corpo do mundo exterior curioso a tudo o que não existia em mim! Sentia-me transportado por ideias feitas de mim mesmo que se materializavam em pedaços de pano que não eram eu! Só a face e as mãos se mostravam aos outros, tal como eu era: corpo primeiro, eu depois.
Caminhei ao encontro de esparsas ideias que me orientavam momentaneamente. Chovia! Caíam bátegas simples de uma mistura de cinzentos imperfeitos, aos quais nenhuma virtude era reconhecida!
Na rua o cheiro a nada, era o odor da habituação ao mais mundano dos cheiros. Eram cheiros visuais que cristalizavam na memória a impulsividade de percorrer mais um instante. E os instantes sucediam-se sem contornos definidos, sem propósito de mutação.
Como que empurrado sem premeditação, choquei contra uma figura feminina de dimensões brutas, de semblante hiperbolicamente redefenido pela depressão e pela mágoa. (...) Tinha na mão um velho livro, de pequenas dimensões, manuscrito, amarelecido pelos tempos intermináveis que passara na velha biblioteca, do velho sótão, da arrecadação da fábrica dos têxteis que antigamente se situava na esquina da Rua da Fábrica com a do Almada. Estendeu-o e proclamou com uma voz débil mas suportada por uma esperança temerosa:
- Amas o sonho como à própria realidade. Porque para ti eles são a mesma face de distintas formas do existir!

Invenção a uma voz

Sem a tua voz para ouvir, ouço aquela música que me faz fechar eternamente os olhos. Então, contemplo com desvanecimento a imagem que os meus sentidos agarraram de relance no mesmo dia em que te achei dentro de mim. A imagem que para sempre te associarei. Imagem triste, sem cor, disforme e onde se abrigam as memórias daquilo que inventei, a um, para nós.

07 maio 2006

desajeitada emocional

"Talvez exista um parentesco entre qualidades, sendo que cada uma traz consigo outra afim; e o biógrafo deve aqui chamar a atenção para o facto de a falta de jeito se aliar muitas vezes ao gosto pela solidão."

Orlando, V. Woolf

Ao andar pela rua ....














Enquanto me perdia pelas ruas deixava para trás memórias de caminhos já percorridos. Por uma dessas ruas uma flôr pequena e frágil encontrei - a princípio nada me disse - muitas vezes voltei a passar nessa rua. Um dia ela disse:
- Pára não procures mais o que não podes encontrar, tens aqui a resposta. Arranca-me do granito, mata-me e eu te salvarei!
Depois do crime cometido não mais tive coragem de passar naquela rua e ainda hoje tento perseguir aquilo que sei que não vou encontrar.

04 maio 2006

Limpa-Vias

O que é um limpa-vias?
No livro é apenas um homem que faz a limpeza dos túneis do metro e que começa a ter o seu milagre de todos os dias. Para mais leiam o livro que vos faz bem e não é assim tão grande como isso (lol).
Porquê limpa-vias e arroz-do-céu?
Como já está visto limpar as vias pode ser bastante promissor: ou seja é isso que nos propomos - limpar vias. Os olhos, os ouvidos, as mãos, a boca, o nariz... tudo são vias para chegarmos a nós próprios e ao que produzem @s outr@s. Esqueçam tudo o que a televisão vos diz, esqueçam tudo o que aprenderam. Agora é o momento da reinvenção! Sair para as ruas e fotografar, ler, ouvir, escutar, escrever - tudo pode ser feito e deve acontecer neste espaço. Nós somos (para já) a porta para este espaço que se pretende abrir para a cidade.
Arroz-do-céu? Porque nem só de palavras vive o homem (e a mulher), porque é um doce e até cai bem mas a acima de tudo porque se estamos que caía alguma coisa do céu...

Saudações

photo by i. montalvao

As horas passam e os sonhos, como a liberdade, correm loucos em busca de uma verdade feita de ilusões e magia.
Esperam-me gnomos perdidos nos jardins do éden e o néctar dos deuses sabe a canela e laranja.