badge

20 maio 2010

SOS SNS


O Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem mais de 3 décadas e muitas conquistas. Foi a sua criação que permitiu tirar Portugal das listas negras da mortalidade infantil, aumentar a esperança média de vida em mais de duas décadas, disseminar a higienização do quotidiano a toda a população, diminuir drasticamente a prevalência de tuberculose, levar médicos/as e enfermeiros/as ao interior mais isolado do país, criar um plano nacional de vacinação para todas as crianças e trazer para Portugal o conhecimento científico mais avançado e a melhor tecnologia colocados ao serviço dos cuidados de saúde públicos. O SNS é uma conquista de Abril, da Liberdade e é, a par da escola pública, o mais importante instrumento de democracia que temos.

Outrora classificado pela OMS como o 12º melhor sistema de saúde do mundo, está hoje na mira dos interesses económicos e políticos que o querem ver destruído. Ano após ano, o orçamento da saúde distancia-se das reais necessidades deste sector – é o sub-financiamento crónico do SNS que dificulta, em primeiro lugar, o seu desenvolvimento. Faltam profissionais e os que existem estão sobrecarregados e mal-pagos. Grande parte dos médicos mais experientes - que faziam parte dos quadros dos hospitais públicos - já fugiram para a medicina privada, falta material em muitos serviços, faltam melhores instalações e condições em muitos hospitais. As acessibilidades são cada vez mais sinuosas, acumulam-se famílias sem médico e utentes em espera para uma cirurgia. Faltam cuidados continuados e cuidados paliativos que respondam ao crescente envelhecimento da população. Aumenta exponencialmente o número de contratados a prazo nas unidades públicas de saúde e o número de profissionais que ficam afastados da sua carreira.

Actualmente só ganha quem se aproveita das debilidades do SNS: o sector privado – crescem os hospitais privados e as seguradoras e com eles cresce a desigualdade no acesso à saúde: quem quer saúde paga-a!

Não queremos cuidados de saúde para pobres que não podem aceder aos serviços privados, num SNS sub-financiado, cada vez com menos profissionais, menos resposta às necessidades e, do outro lado, uma medicina para os ricos, nas unidades privadas de saúde, abundantes em recursos tecnológicos e em luxo, excluindo pelo preço quase toda a população.

Nós escolhemos outro caminho, porque não aceitamos este ataque a um dos pilares básicos da democracia, solidariedade e justiça social.

E sabemos como o queremos trilhar: com o Serviço Nacional de Saúde, a única forma justa de fornecer cuidados de saúde à população, garantindo equidade no seu acesso. Só um SNS com investimento, com recursos, com profissionais valorizados, melhor equipado e organizado pode garantir algo que a medicina privada nunca fará: igualdade na saúde! Democracia na vida!

Com a emergência e a inquietação das grandes causas: SOS-SNS!

VISITA O BLOG: SOS SNS
e ouve a entrevista do Bruno Maia do SOS SNS na RCP

19 maio 2010

Derivas de Maio - é já no sábado


Inscreve-te já.
Visita: http://derivasdemaio.blogspot.com/

09 maio 2010

Happy Hours in Sad Days


Tem se falado muito e comentado ainda mais sobre a iniciativa Happy Hour na Feira do Livro de Lisboa. Na verdade parece ser algo muito atractivo para quem compra livros e de alguma forma até para quem os vende.
Analisando a fundo a questão constatamos que de todas as áreas dos ditos produtos culturais os livros são os que menos apoio tem por parte das entidades públicas, compare-se com os poucos mas existentes apoios ao teatro ou ao cinema. Em segundo esta iniciativa é injusta logo à partida e logo pela organização que a promove. A APEL representa livreiros e editores. Os editores negoceiam com os livreiros com uma determinada margem e estando na mesma associação uns passam a ter privilégios de concorrência que são à partida injustos e desleais. Para além disso mina uma relação que existe para além das feiras e que sustenta comercialmente as editoras e livrarias o resto do ano. Não é justo negociar a 30% ou a 40% com os livreiros e depois estar ao lado deles a fazer 50%. Aliás é de tal forma caricato que estas Happy Hours tem sido altamente frequentadas por responsáveis de livrarias que tem aproveitado para se fornecer. Para além disso esta medida só favorece os grandes grupos e grandes editoras que tem fundos editoriais que podem desbaratar até porque em alguns casos seriam livros para guilhotinar... isso sim uma prática condenável!
Para os clientes é também injusto porque obriga as pessoas a jogarem com esse horário, impossibilitando, por exemplo, quem tem problemas em se deslocar à noite ou quem só pode frequentar a Feira noutros horários de aproveitar também esta iniciativa que devia ter como fim promover a leitura e não o lucro fácil. Coragem não é fazer uns dias de livros muito baratos, coragem é manter preços acessíveis e ajustados durante todo o ano. Coragem é publicar com qualidade como critério e não com rentabilidade ou rapidez de sucesso como critério principal e essencial.
Apostar em novos autores e em matérias editoriais com valor tem custos que se tem de sustentar todo o ano e não com foguetes promocionais de aparente rentabilidade.
Querem fazer promoções, assumam e mantenham-nas durante todo o dia ou durante toda a feira, seleccionando títulos. Façam cumprir verdadeiramente a lei do preço fixo. Retirem o IVA do preço dos livros. Promovam o livro enquanto objecto e enquanto mais valia cultural.
Não andem é a atirar areia para os olhos das pessoas e a engana-las com estratégias de marketing for dummies!
A APEL tem o dever de proteger os interesses de todos: livreiros, editores e também dos leitores e já se devia ter apercebido que a promoção desta iniciativa em nada ajuda quem mais dificuldades tem. Cria guetos na própria feira, espaços isolados e desiguais com regras próprias e com o tempo afastará não só as pessoas como as próprias editoras com menos capacidade de implantação financeira.

Pedro Ferreira