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24 julho 2006

JUNTOS NO RIVOLI - Serviço Público

Os abaixo-assinados, cidadãos do Porto, cidadãos do Mundo, incapazes de aceitar passivamente a prepotência e a mais preocupante cegueira política, opõem-se veementemente à decisão recentemente comunicada pelo Presidente da Câmara Municipal do Porto de concessionar a «exploração» do Rivoli Teatro Municipal a entidades privadas. Quando, há quase dez anos, o Rivoli Teatro Municipal reabriu as suas portas, fazia-o com um objectivo muito preciso: dar finalmente corpo, na cidade do Porto, à ideia de um Teatro Municipal contemporâneo, de vocação multi-disciplinar, aberto à inteligência, motor de conhecimento e criatividade, capaz de ajudar a caracterizar o Porto como cidade cosmopolita, como uma das grandes cidades europeias. Ler mais

Um espaço para onde convergiram as diferentes linguagens, todos os tipos de públicos, os maiores nomes, bem como os novos artistas, os principais festivais da cidade, motores de toda uma dinâmica que se pretendia continuar e desenvolver, envolvendo mais e mais vozes e protagonistas. O papel insubstituível do Estado – seja o estado central seja a administração autárquica – na criação e manutenção de espaços de crescimento e afirmação das artes performativas (por definição, as mais sociais das artes) é um dado civilizacional de base que não é questionado em nenhum país ocidental. Tal como, de resto, o papel das artes e das correlativas actividades culturais na afirmação de maturidade de uma comunidade, ou ainda na sua afirmação plena nos contextos nacional e internacional. Não é pois possível aceitar que a decisão unilateral de um edil – uma decisão que equivale, pelo absurdo, à de arrasar todas as árvores da cidade, invocando o respectivo, necessariamente elevadíssimo custo de manutenção (porque os números, como sabemos, são sempre muito facilmente manipuláveis) – comprometa irremediavelmente um equipamento que, pela sua pertença à cidade, é público por natureza. Numa altura em que o esforço de todo o País deve, como condição de sobrevivência, orientar-se para a educação e para a qualificação, numa altura em que a invenção e a afirmação de uma consciência cidadã são factores críticos de desenvolvimento de uma sociedade que enfrenta desafios novos, esta decisão do Presidente da Câmara Municipal do Porto é inaceitável por razões cívicas e culturais básicas, é medíocre enquanto decisão política e é sinal de uma prática política definida pela arrogância de impor uma curteza de vistas pessoal a toda uma comunidade. No preciso momento em que a rede de Teatros Municipais cresce por todo o País e em que se torna imperioso definir e estabilizar um quadro de cooperação entre os níveis nacional e local que lhes permita serem eficazes na sua missão, o exemplo dado pela segunda cidade do país é desastroso e envergonha quem vê a cidade como algo mais do que uma paróquia. Por estas e muitas outras razões que poderíamos aqui avocar, exigimos a simples anulação desta decisão e o lançamento imediato de uma discussão pública sobre as formas de gestão, financiamento, programação e mediação cultural de um Teatro Municipal digno desse nome e à altura de uma cidade como o Porto.

ASSINE AQUI. Não deixes que a cultura fuja do Porto!

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