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05 julho 2008

O Morgado e a Leite azeda fora do seu tempo e sempre sempre a poesia como resposta !


"O acto sexual é para ter filhos" disse na Assembleia da República, no dia 3 de Abril de 1982, o então deputado do CDS João Morgado num debate sobre a legalização do aborto.
A resposta de Natália Correia, em poema - publicado depois pelo Diário de Lisboa, em 5 de Abril desse ano - fez rir todas as bancadas parlamentares, sem excepção, tendo os trabalhos parlamentares sido interrompidos por isso:

“Já que o coito - diz Morgado -
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou - parca ração! -
uma vez. E se a função
faz o órgão - diz o ditado -
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.”

Natália Correia

É triste para nós, é triste para toda a gente em Portugal, é triste para a democracia que tenhamos tantas e tantas vezes que visitar este poema - não pelo poema - mas pela direcção e pela infeliz actualidade que ele mantêm.

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