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16 outubro 2006

Todos e Todas com o Rivoli














by anarquista_duvall


O Sr. Rui Rio não se encontra hoje nesta sala. Não é costume encontrarmos o Sr. Rui Rio nas salas onde acontecem apresentações de objectos de carácter artístico, isto é: objectos ue interrogam o estar no mundo e que transmitem, a quemosrecebe, a vontade de continuar a interrogá-lo e interrogar-se.

Mas o Sr. Rui Rio, apesar de flagrantemente se demitir das suas responsabilidades para com equipamentos públicos e serviços públicos, fala em nome do público e do interesse público. O Sr. Rui Rio defende, em suposto nome do público, uma ideia de teatro municipal regido porcritérios de rentabilidade, postura assaz curiosa para quemesbanja dinheiros públicos em corridas de automóveis e quandoé consabido ser ele o primeiro a não tirar proveito daquilo que no Rivoli se faz ou fez. A transmissão do «capital simbólico», para utilizarmos um vocábulo que o Sr. Rui Rio decertomuito preza,nãoobedece a critérios de rentabilidade. Se a economia fosse - como deveria ser - uma área das ciências humanas, o Sr. Rui Rio saberia disso. Cientes de que não somos todo o público - mas público somos e, sobretudo, temos sido utentes concretos desta casa - com opresente acto cívico, pretendemos:- Que nos sejam dadas garantias de que o Rivoli - Teatro Municipal não será gerido e programado em função da maior ou menor rentabilidade dos objectos que aqui se produzem e/ou difundem, da submissão declarada ou velada aos interesses e desígnios do executivo da CMP, da visibilidade mediática, da pretensa acessibilidade;- Que nos sejam dadas garantias de queos núcleos de produção da cidade do Porto, emtodos os domínios da criação, terão acesso e lugar no seu teatro municipal, sem prévia censura política e segundo critérios que visem tão-só a manutenção de uma programação de qualidade, isto é - de objectos exigentes para consigo mesmos e para comopúblico a que se destinam;- Que nos sejam dadas garantias de que a direcção do Rivoli - Teatro Municipal pugnará pela formação contínua do público, desenvolvendo, de todas as maneiras e por todos os meios, acções que visem transformar em bens comuns os objectos produzidos e/ou difundidos na e pela casa, seguindo nomeadamente o singelo critério de que um produto artístico, é um objecto que confronta o seu destinatário com o inesperado, o inaudito, o alargar dos horizontes, o derrubar das fronteiras do possível.

Porto, 15 de Outubro de 2006.

Este texto está também a ser distribuído em fotócopias entregues através das grades da porta lateral do teatro pelos ocupantes e na rua por apoiantes desta acção de protesto.

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