Em entrevista à revista Visão disse um dia:
"Como é que gostava de ser recordado na história da literatura portuguesa?
Como editor é importante. A parte de produção é muito pequena... Um artigo num jornal pode ter impacto nesse dia, mas publicado, em livro, anos depois, já perdeu muita da sua força. Tenho a Comunidade, o Libertino (é um bocado o efeito da Casa Pia ao contrário...), o Teodolito, que acho que é o meu melhor texto... E a razão principal da publicação deste diário agora é porque eu preciso de dinheiro. Estou a pagar aqui no lar uma coisa chamada «mil euros» – mais as fraldas que me põem à noite, e os medicamentos que são caros. E não recebo isso por mês. Tenho que ter umas bengalas..."
Nasceu no seio de uma família da classe média, de origem alentejana, com alguns antepassados militares. O pai era funcionário público e músico amador. Na juventude, Luiz Pacheco teve alguns envolvimentos amorosos com raparigas menores como ele, que haveriam de o levar por duas vezes à prisão.
Começa a publicar a partir de 1945 diversos artigos em vários jornais e revistas, como O Globo, Bloco, Afinidades, O Volante, Diário Ilustrado, Diário Popular e Seara Nova. Em 1950, funda a editora Contraponto, onde publica escritores como Raul Leal, Vergílio Ferreira, José Cardoso Pires, Mário Cesariny, António Maria Lisboa, Natália Correia, Herberto Hélder, etc., tendo sido amigo de muitos deles [3] . Dedicou-se à crítica literária e cultural, tornando-se famoso (e temido) pelas suas críticas sarcásticas, irreverentes e polémicas. Denunciou a desonestidade intelectual e a censura imposta pelo regime salazarista.
A sua obra literária tem um forte pendor autobiográfico e libertino, inserindo-se naquilo a que ele próprio chamou de corrente "neo-abjeccionista".
Alto, magro e escanzelado, calvo, usando óculos com lentes muito grossas devido a uma forte miopia, vestindo roupas muitas vezes andrajosas e abaixo do seu tamanho, hipersensível ao álcool, hipocondríaco sempre à beira da morte, cínico impenitente, é sem dúvida, como pícaro personagem literário, um digno herdeiro de Luís de Camões, Bocage, Gomes Leal ou Fernando Pessoa.
Debilitado fisicamente e quase cego devido às cataratas, mas ainda a dar entrevistas aos jornais, nos últimos anos passou por três lares de idosos, tendo mudado para casa do seu filho Paulo Pacheco em 2006.
Um ano após a morte de Mário Cesariny, a 26 de Novembro de 2007, Comunidade foi editada em serigrafia/Texto com pinturas de Cruzeiro Seixas. Nessa efeméride, Luiz Pacheco foi entrevistado pela RTP, encontrando-se num lar do Montijo.
Morreu a 5 de Janeiro de 2008.
...e nenhuma biografia algum dia poderá ser suficiente para o descrever!
1 bitaites:
Um dos meus pensamentos preferidos do Luiz Pacheco: "Puta que os pariu!"; quando lhe foi pedido que deixasse uma mensagem para os escritores da nova geração.
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