Começando pela linguagem e pela forma como ela é usada e manipulada no dia-a-dia para nos alterar a realidade. O papel dos media e a capacidade de criação de um dito pensamento sobre as matérias que se vai tornando de tal forma homogeneo que se confunde com a realidade.
Para abrir o apetite desta edição da Deriva Editores fica um excerto de uma entrevista com o autor na revista Visão.
O capitalismo vai adocicar a linguagem para continuar cruel
Nacionalização, Estado, proteccionismo ou regulação eram, até há pouco, uma espécie de lixo tóxico para a maioria dos poderes políticos e empresariais. E agora, o que se está a passar?
É um sarcasmo que, após reduzir a mínimos os controlos públicos e as seculares conquistas sociais, os poucos que enriqueceram enormemente com o espólio de muitos recorram agora ao Estado que desmantelaram, à regulação, à nacionalização, etc. E não deixa de ser inumano que sejam estes poucos a receber os milhares de milhões provenientes dos impostos que muitos pagam, em vez de aplicá-los em aliviar o sofrimento e as necessidades urgentes dos muitos que sofrem de sede, fome e injustiça, como diz o Evangelho cristão.
Crê que o capitalismo já está a utilizar, ou vai encontrar, novos termos e eufemismos, ou seja, outro tipo de “activos tóxicos” linguísticos?
O capitalismo vai gerar certamente novas linguagens e irá adocicar os velhos termos para continuar a embelezar este sistema cruel que se reproduz através das suas crises periódicas, como demonstrou há 150 anos o tão denegrido Karl Marx.
Em que medida a intoxicação linguística contaminou a informação, o jornalismo?
Já há 200 anos o general alemão Carl von Clausewitz afirmava que a maioria das notícias é falsa. As condições de trabalho da maioria dos jornalistas dificultam a produção de informação verdadeira, ampliadora de consciências e emancipadora.
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