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03 janeiro 2009

Para ler em 2009... Intoxicação Linguística de Vicente Romano


Começando pela linguagem e pela forma como ela é usada e manipulada no dia-a-dia para nos alterar a realidade. O papel dos media e a capacidade de criação de um dito pensamento sobre as matérias que se vai tornando de tal forma homogeneo que se confunde com a realidade.
Para abrir o apetite desta edição da Deriva Editores fica um excerto de uma entrevista com o autor na revista Visão.


O capitalismo vai adocicar a linguagem para continuar cruel

Nacionalização, Estado, proteccionismo ou regulação eram, até há pouco, uma espécie de lixo tóxico para a maioria dos poderes po­líticos e empresariais. E agora, o que se está a passar?

É um sarcasmo que, após reduzir a míni­mos os controlos públicos e as seculares conquistas sociais, os poucos que enrique­ceram enormemente com o espólio de muitos recorram agora ao Estado que desman­telaram, à regulação, à nacionalização, etc. E não deixa de ser inumano que sejam estes poucos a receber os milhares de milhões provenientes dos impostos que muitos pagam, em vez de aplicá-los em aliviar o sofrimento e as necessi­dades urgentes dos muitos que sofrem de sede, fome e injustiça, como diz o Evan­gelho cristão.

Crê que o capitalismo já está a utilizar, ou vai encontrar, novos termos e eufemismos, ou seja, outro tipo de “acti­vos tóxicos” linguísticos?

O capitalismo vai gerar certamente novas lin­guagens e irá adocicar os velhos termos para con­tinuar a embelezar este sistema cruel que se re­produz através das suas crises periódicas, como demonstrou há 150 anos o tão denegrido Karl Marx.

Em que medida a intoxicação linguística contaminou a in­formação, o jornalismo?

Já há 200 anos o general alemão Carl von Clau­sewitz afirmava que a maioria das notícias é falsa. As condições de trabalho da maioria dos jornalistas dificultam a produção de informação verdadeira, ampliadora de consciências e emancipadora.

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