DIÁRIO DA BATALHA DE PRAGA
Socialismo e Humanismo
Fernando Rosas (prefácio). Paulo Torres Bento (apresentação e notas)
Edições Afrontamento
FLAUSINO TORRES (1906-1974), professor, historiador e jornalista, foi um participante activo em alguns dos mais decisivos momentos do século XX português e europeu. Militante comunista desde os anos trinta, a sua casa da Quinta do Fojo, em Tondela, foi um dos centros da oposição democrática na região das Beiras e ponto de apoio para os funcionários clandestinos do PCP. Afastado do ensino por razões ideológicas, após uma passagem pela cadeia do Aljube em 1962-1963 intensifica o seu activismo político, assumindo importantes responsabilidades na direcção da Frente Patriótica de Libertação Nacional como membro do seu executivo no interior do país. Para escapar a nova prisão, vê-se obrigado a optar pelo exílio no final de 1965, primeiro em Argel nos tempos conturbados para a FPLN que se seguiram ao assassinato de Humberto Delgado pela PIDE e, depois de uma breve passagem pela Roménia, na Checoslováquia socialista.
Em Praga, Flausino Torres foi professor de Cultura e Língua Portuguesa na prestigiada Universidade Karlova, para cujos estudantes escreveria uma História de Portugal, mais tarde também editada em Portugal, e testemunharia a exaltante primavera política liderada por Alexander Dubcek, violentamente interrompida em Agosto de 1968 pelos tanques do Pacto de Varsóvia. Nos meses seguintes – ao mesmo tempo que redigia o DIÁRIO DA BATALHA DE PRAGA – Flausino Torres lideraria a firme oposição da maioria dos comunistas portugueses exilados na Checoslováquia contra a ocupação soviética, contrariando a tomada de posição da direcção do PCP, apanhada na evidente contradição de estar a pugnar pelo fim da ditadura e pela liberdade em Portugal ao mesmo tempo que justificava e apoiava a opressão sobre um país amigo que procurava o caminho para um socialismo sem autoritarismo. A inevitável ruptura, consumada após uma tensa reunião com Álvaro Cunhal em Praga, levaria ao seu afastamento do partido e ao ostracismo político a que foi votado até ao final da sua vida que aconteceria em Dezembro de 1974 na sua Quinta do Fojo em Tondela, quatro anos após ter regressado ao seu país, doente e debilitado, no contexto da breve abertura da “primavera marcelista.
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