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06 outubro 2008

Espaço público – ocupar para libertar


O Porto é hoje, um grande centro urbano capaz de produzir mais valias mas totalmente incapaz de dar o salto para fora ou mesmo de ser líder de uma região que é das mais pobres do país para além de sofrer com o hiato instalado entre Lisboa e Porto quer pelas diferenças salariais, pelo acesso aos bens de consumo e mesmo à relação de proximidade com as esferas de decisão do poder politico. É assim esta cidade em francas dificuldades, com perdas populacionais praticamente ininterruptas desde 1991,com o aumento do índice de envelhecimento, demonstrando que a falta de dinamismo demográfico se centra, em particular, na sangria das populações mais jovens (efeito conjunto das migrações para outros concelhos e da quebra de natalidade) e pela desvitalização e degradação do centro urbano, incluindo nas suas dimensões monumentais e patrimoniais. Não chega e nunca serão suficientes as recuperações iniciadas tardiamente por este executivo, porque elas não devolvem a cidade às pessoas - afastam a sua população e gentrificam atraindo uma fatia de população endinheirada que tenta marcar uma geração pelo regresso à cidade dos seus pais e avós mas é essa mesma cidade que é incapaz de receber esses pais e avós de volta. A recuperação urbana de fachada e a estrutural que não tem em conta as necessidades económicas da população que dela é natural não é nada mais que uma fachada bem pintada construída sobre os muros da pobreza que vão ficando por trás. Um dos principais problemas da cidade do Porto é, sem dúvida, a falta de atractividade em termos de qualidade da vivência urbana.

A destruição do panorama cultural do Porto começou logo em 2002, o ponto de retorno está cada vez mais longe e difícil de alcançar. Não se trata de acreditarmos ou não que Rui Rio poderá não sair vencedor das próximas eleições autárquicas mas sim da margem de manobra que ficará para o que se seguir. Contratos de exploração entregues em períodos de 20 anos ou superiores, cláusulas de rescisão incrivelmente altas e destruição dos hábitos culturais do tecido urbano são apenas alguns dos desafios que quem se opõem a Rui Rio vai ter que ultrapassar num próximo mandato.

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