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28 março 2007

Comunicado do SOS Racismo

Extrema-direita ameaça Universidade - Skins tentam tornar Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa num“palco” para a difusão do racismo e da violência



Nos últimos dias, as mensagens de ódio racista proliferaram nas paredes daFaculdade de Letras. “Portugal aos portugueses” ou “Fascismo é solução” sãoalgumas das frases escolhidas pela extrema-direita para a sua propaganda eameaça. Também não faltaram as “chamas” do Partido Nacional Renovador (PNR).Pelo caminho, foram destruídos todos os murais ou outro tipo de comunicação(das mais diversas organizações) entendida como “comunista” – o facto eraassinalado pelos próprios censores, ao lado das “emendas” efectuadas.

Ora, hoje alguns estudantes da faculdade, em conjunto com a União dosResistentes Antifascistas Portugueses (URAP), decidiram-se por uma acçãopública: pintar um mural contra a ameaça do racismo e da violência.A verdade é que o mural não foi terminado, porque a polícia não o permitiu.Ainda mais preocupante é o facto de hoje se terem juntado, numa atitudeclaramente ameaçadora, com todo o à-vontade, várias dezenas de skins nafaculdade de Letras. A mensagem era clara: ameaçar, condicionar, amordaçar;impôr a cultura do medo, à custa da impunidade – basta dizer que se deram ao luxo de tirar fotografias a todas as pessoas envolvidas na pintura do mural!E isto, “nas barbas” da polícia, que esteve sempre mais ocupada a impedirque o mural chegasse ao fim!Tendo em conta estes preocupantes acontecimentos, o SOS Racismo gostaria dedeixar claro que:

1 – Este novo “palco” para os skins representa uma importante ameaça, quedeve preocupar toda a comunidade escolar. Não é possível aceitar que estarealidade se torne “normal” ou “aceitável”.

2 – Infelizmente, as respostas de quem tem responsabilidades deixam muito adesejar. Já no ano passado, quando o SOS Racismo alertou o ConselhoDirectivo, em reunião a nosso pedido, para o crescimento da extrema-direitadentro da faculdade e o perigo que isso representa, este órgão não revelounenhum interesse pelo assunto. E hoje, o Conselho Directivo da Faculdade deLetras apenas se mobilizou para proibir a pintura do mural de hoje, masnunca demonstrou preocupação com as mensagens de ódio dos skins. Esperamosnão ter de ouvir este órgão, no futuro, lamentar a violência e o ódio nafaculdade, quando podia e devia ter-se interessado a tempo!

3 – A impunidade com que foi possível hoje, na presença da polícia, váriasdezenas de skins fazerem a sua demonstração de força é um sinal muitoinquietante. Não parece normal que a PSP tenha “convidado” a retirar-se quempintava o mural, mas tenha deixado cerca de 50 skins no interior e nasimediações da faculdade, em pose ameaçadora, bebendo cerveja, fazendo umaespécie de “guarda” a um dos bares da faculdade, enquanto ia distribuindopanfletos.

4 – Fica, mais uma vez, clara a ligação entre o movimento skinhead e o PNR!

5 – O SOS Racismo vem há muito alertando para o perigo e a impunidade quecaracterizam o crescimento da extrema-direita em Portugal. Para estaspessoas, a violência e o ódio são a dimensão essencial da política. Quantasmais vítimas serão necessárias para que se desenhe finalmente um combate a esta triste realidade?

6 – Em pleno “Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos”, em quevão abundando os discursos de circunstância sobre igualdade e a necessidadede combater as discriminações, seria mais útil ver quem temresponsabilidades empenhar-se no desmantelamento desta rede criminosa –tráfico de armas, de droga, “cobranças difíceis”, violência frequente, etc.– de ameaça, ódio e morte.

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